Semelham-se a gaiolas, com viveiros,As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Cesário Verde
30 dezembro 2005
Mestres Carpinteiros
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Cesário Verde
13 dezembro 2005
Qual Pai Natal, qual carapuça...!
Eu sou do tempo do Menino Jesus!
Quero presépios encastelados em fofo musgo, Reis Magos de louça e autos de Natal atrapalhados, pejados de judeus fassanhudos.
Aqui declaro solenemente: Este Pai Natal não é o meu pai.
05 dezembro 2005
Cavalo de pau
Uma vez tive um cavalo de pau.
Dizem que, montado nele, fazia cara de mau e clamava contra o pérfido Rei Menelau, que vira uma vez num filme mudo de Mornau.
Foto de: Alessandra Oliveira
27 novembro 2005
Qualquer dia
Um dia, o mar, com o seu estranho cantar, há-de me levar a algum lugar. Não sei se vou regressar. Por certo ficarão contas por pagar e avulsos projectos por terminar.Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar
Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética II
20 novembro 2005
Viajar sem sair do lugar
Quem nunca embarcou num combóio que não vai para lado nenhum, sabendo que jamais sairá da estação?
E, mesmo assim, acabou fazendo a melhor viagem da sua vida...sem sair do lugar!
12 agosto 2005
Maresia
Por alguma obscura razão, nunca antes indagada, quando menos se espera, o mar cheira a maresia. Preocupam-me de sobremaneira estas suspeitas coincidências.
09 junho 2005
28 maio 2005
Alfândega da Fé
De ALFÁNDEGA DA FÉ regressa-se com a sensação agradável de que uma parte do país ainda pode dar certo.
18 maio 2005
Acabou o sossego em Lamego
Em Lamego, acabou o sossego!
O pároco de Balsemão, criatura de natureza distraída, avessa à concentração, ao entrar num vão de escada, enrodilhou-se na espada, foi de rostilhão e espalhou-se no sobrado.
Ao cair desamparado, a cabeça, sem firmeza, rebentou o corrimão. Ficou logo desmaiado.
Que viagens fez não sei, enquanto esteve desacordado. Caso é que o cura de Balsemão, depois do trambolhão, acordou convertido ao Islão.
O farsante do pastor, alardeando cinismo, por meio litro de cevada e um chapéu de lavrador renegou o Catecismo. É vê-lo! Dá vivas à Mafoma e reza a missa de Domingo abençoando o comunismo.
Está armada grande bernarda! Chamou-se a tropa da Guarda e o abade, com desfaçatez, agora só fala inglês e prefere ensopado de borrêgo, que, diga-se não é lá grande coisa em Lamego.
15 maio 2005
Praia da Costa Nova
Ainda que tivesse a forma de uma bossa, não seria um camelo. Nem a areia um Sahara.
Seria uma praia musical, tipo Bossa Nova anormal. Um trópico fora de latitude, um desvio meteorológico.
Assim, é só Costa Nova, praia onde se aconselha saia, de preferência em cambraia.
Não fosse o vento, teria mangueiras e bancos de cimento.
14 maio 2005
Azurara
AZURARA fica mesmo na ponta de uma vara. Não tem castelo, nem preto nem amarelo. Da sua Igreja contam-se histórias e algumas patranhas sobre aranhas. Na sua praia é obrigatório usar saia.
Igreja e o caroço da cereja
No cimo daquela igreja mora um velho caroço de cereja e brotam das fendas sagrados pedaços de carqueija e algum avulso tremoço.
Podia ser apenas mais uma Igreja, mas não é! Graças ao caroço, à carqueija e ao tremoço, aquela Igreja é simplesmente um colosso.
Aviso à navegação
Digamos que este excelente blog será profusamente ilustrado com fotografias. Umas de elevada mediocridade, outras de baixa mediocridade. Tirando as roubadas, são todas minhas. Copiá-las sem autorização é um acto de pouca inteligência e de consequências imprevisíveis para o mundo.
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