23 setembro 2007

Viajar de graça, ou por quase nada.

Certas músicas têm o condão de nos fazer viajar, absolutamente de graça. Ou, até, de nos fazer regressar.

Partir ou regressar? Hein? E que tal as duas coisas ao mesmo tempo?

21 setembro 2007

Cortar o cabelo

me...me...me...Me o quê, raios partam isto, porra. Assim não vou a lado nenhum! Parece o romance do Snoopy que há cinquenta anos não sai do "era uma noite fria e tempestuosa".
Desculpem os leitores esta franqueza de linguagem, mas nenhum escritor é de ferro e isto de escrever por encomenda é ofício cão e muito propenso a achaques, particularmente nos casos em que o talento é minguado, o que não sendo, modéstia à parte, o meu caso - far-me-ão essa justiça-, não obsta a que também tenha os meus dias àridos.
Sucede que ontem, ao jantar, não resisti à orelheira e quando assim é, o melhor é esquecer o dia seguinte para fins de talentos gramático-literários porque, é certo e sabido, farei o papel de Snoopy em cima da casota.
É nestes dias que aproveito para tratar das coisas terrenas, tipo cortar as unhas dos pés ou...ou... cortar o cabelo. Genial! É isso mesmo! Cortar o cabelo. Vou cortar o cabelo. Assim como assim há já meses que pareço um cão de àgua.
Para benefício e ilustração dos leitores, saibam V. Exas. que temos na nossa cidade o melhor barbeiro do distrito. Sem bairrismos, o título é conferido unanimemente - até pela concorrência- ao Neca Barbeiro, profissional com quem tenho o privilégio de privar e a quem o meu pai confiou, há 40 anos, a tarefa de domesticar a minha exuberância capilar.
Diga-se, em abono da verdade, que cliente que entre na barbearia do Neca deve ir preparado para duas coisas:
1-o leque de opções oferecidas à freguesia varia entre o "corte à francesa" ou "à escovinha". Só. Ou um ou outro. "Nada de mariquices, amigo Silveira";
2 -o saber enciclopédico do baeta sobre os segredos e macetes da criação de canários, pintassilgos e rabecos, bicharada devidamente exposta no estabelecimento, em quantidade faraónica.
Vestido o casaco, apagada a beata, bati a porta atrás de mim e num pulo estou no ascensor a assobiar a musica da Floribella ( engraçado: nunca tinha usado a palavra ascensor e soube-me bem).
Sozinho, faço aquilo que faz toda a gente que se acha sozinha no elevador.
O maquinismo parou no 3º andar, para receber uma mulher, recente aquisição do prédio.
Tinha um rosto para o feiote, por sinal. Mas, no entanto...

03 setembro 2007

Márcia e Mário Quintana

A Márcia, por via travessa, “apresentou-me” a Mário Quintana, gaúcho, celebrado como poeta das coisas simples. Que, de facto, é.
São tão abundantes e desconcertantes as suas “pérolas” que delas poderíamos fazer um manual tipo “Como sobreviver à Vida”.

Dele, a Márcia gosta deste poema:

Um dia perceberemos que beijar uma pessoa para esquecer a outra é bobagem você só não esquece a pessoa como pensa muito mais nela
um dia percebemos que mulheres tem instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer
um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
um dia percebemos que as maiores provas de amor são as mais simples
um dia percebemos que o comum não nos atrai
um dia saberemos que ser classificado como "o bonzinho" não é bom
um dia percebemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você
um dia saberemos a importância da frase "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
um dia percebemos que somos muito importantes para alguém e não damos valor a isso
um dia percebemos que aquele amigo faz falta, mas aí já é tarde demais
Enfim, um dia percebemos que apesar de vivermos quase um século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijar todas as bocas que nos atraem, para dizer tudo o que tem que ser dito
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma longa explicação!

Este gosto, por si só, é suficiente para lembrar a Márcia e depor a seu favor.

Cruzei-me com ela, circunstancialmente, em viagem auspiciosa. Tem a elegância das mulheres altas e fala como se soubesse que amanhã irá ficar muda para sempre.
Nunca mais tive notícias da Márcia, mas tenho a certeza que lá continua torturada pela ausência do marido que a abandonou por outra mulher. Não sei se se atormenta por amor ou por despeito. Mas, pensando bem, muitas vezes, um e outro não passam de sinónimos.
E sei que, em cada quinta-feira, continua a sair à noite, para beijar um homem diferente e, dessa forma, melhor se lembrar do marido burro que jamais voltará.