
Fez-me uma grande impressão essa confissão.
Eu, à minha conta, devo ter devorado milhares de Falcões, Mundos de Aventuras e quejandos. E lembro-me perfeitamente como tudo começou:
Pelos meus 4 ou 5 anos, largado nas minhas deambulação pela casa da minha avó, cheirando aqui espreitando acolá, descobri, no quarto dos meus tios moços, um baú de generosas dimensões, tão carcomido pelo bicho, que, apesar de aferrolhado, permitia aberturas onde cabiam à justa as minhas mãos e braços de cachopo, que, ao longo de alguns anos foram apalpando e retirando, à sorte, mirabolantes aventuras de Fantasmas, Principes Valentes, Tarzans, Kalares, Ric Ochetes, Majores Alvegas, Robins dos Bosques, Mandrakes, Sandores, Buffalos Bills e tantos, tantos outros.
De cada vez que enfiava a mão naquele buraco do baú, o tempo parava e, qual Xavier de Maistre, à roda daquele quarto, viajava aos confins do espaço sideral com o meu parceiro Rick Random. Em menos de um fósforo, passava à selva impenetrável, muito camarada com Kalar, para, no final da tarde me dedicar a por as Antilhas a ferro e fogo com a ajuda de Sandor, o Corsário.
Durante anos carreguei pilhas de revistas, muito surradas, emprestadas por malta amiga, e que circulavam de casa em casa, sem nunca se ter sabido muito bem qual era a sua origem ou dono, pois não havia memória de alguém, alguma vez, ter comprado uma revista sequer. Eu, por mim, nunca gastei um tostão.
Sei que, não fosse a BD, hoje seria pessoa diferente. Melhor ou pior, não sei. Mas diferente, seguramente. Daí a minha perplexidade.
Desgraçadamente, dos milhares, sobrou-me apenas esse Falcão aí de cima. Pena!
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