25 novembro 2009

É só fumaça! O povo é sereno



O Governo fartou-se e entrou em greve, pronto.
Ainda hoje um inédito mundial. O Almirante Pinheiro de Azevedo era um homem às direitas, a quem o país ainda não fez a justiça devida.
Lembro-me bem daquele tempo:
O ar fervia de electricidade, a boatada imperava e, ao menor solavanco, a malta, em estado de prontidão absoluta, deitava mão às mocas e outras contundências que, em espírito de missão, guardava na mala dos minis e outros chaços que havia na altura.
Circulavam, em mãos pouco recomendáveis, mandatos de captura do COPCON, assinados em branco, que os revolucionários, na defesa da Revolução, usavam para curar invejas de comadres e desavenças antigas com o vizinho do andar de cima, por causa da altura da música ao domingo de manhã.
Metralhadoras, vindas não se sabe de onde, eram distribuídas a granel e enterradas nos quintais, embrulhadas em oleados.
Ninguém fazia puto. E muito bem, pois jogava-se o futuro do país em comícios perenes, só interrompidos para a bola, e isso não se coadunava com o trabalho.
Para um miúdo de 9 anos, era como viver dentro da Eurodisney.
Viva o 25 de Novembro.

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