"Álvaro Serpa, jornalista, assiste por acaso ao suicídio de um engenheiro, na sequência de uma discussão com a amante. Fascinado pelo ar misterioso dessa mulher, o jornalista não a cita nos autos de declaração à polícia procurando conhecê-la melhor. Acaba por ser vitimado no decurso das suas investigações."
"O Lugar do Morto", para quem não se lembra ou não é desse tempo, é um filme português de 1984, realizado por António Pedro Vasconcelos, que antes de se tornar o benfiquista oficial, fazia filmes.
Foi na altura um dos maiores sucessos de bilheteira, rivalizando, taco a taco com os habituais filmes de Hollywood.
Parte desse sucesso deveu-se à surpresa. O povo estava habituado a que em Portugal, as fitas fossem verdadeiros pastelões, excesivamente banais ou, então, excessivamente afectados por tiques pretensiosos da arte para a minoria das minorias.
De repente aparece um filme português que, estranhamente, tinha um argumento, ainda por cima, recheado de encontros ocasionais, coincidências sem explicação, ambiguidade erótica e... morte, e a malta ficou parva e agradecida.
Ele era uma sucessão de bares, hoteis, combóios, redacções de jornais e interiores de automóveis. Foi o "ovo de Colombo". Foi como perceber que a vida não tem que ser forçosamente comprida e chata, como eram os filmes lusos da época.
O "lugar do morto" é também a designação popular para o lugar da frente de um automóvel, ao lado do condutor. Com toda a propriedade, sublinhe-se.
Veio-me à memória "O lugar do morto", neste fim de semana. Também daí se vê a estrada de uma maneira diferente.
Sem comentários:
Enviar um comentário